Julia Guerra Fernandes, J-PAL '17, sobre segurança pública e uso de evidências no Brasil
A série Alumni Spotlight destaca ex-membros do J-PAL que estão causando impacto em todos os setores ao redor do mundo. Antiga assistente de pesquisa no J-PAL América Latina e Caribe, Julia Guerra Fernandes ‘17 agora lidera o Leme, uma organização que colabora com entidades governamentais e não governamentais para projetar e testar intervenções destinadas a reduzir a violência no Brasil. Ela descreve sua jornada do J-PAL ao Leme neste post em nossa série Alumni Spotlight. Se quiser saber mais, entre em contato com Julia em [email protected]
O que lhe inspirou a construir uma carreira no espaço de desenvolvimento e políticas públicas? E como você chegou ao J-PAL?
Acredito que o fio condutor da minha carreira é o comprometimento em entender e enfrentar desigualdades. O Brasil é um país profundamente marcado pela desigualdade social — enquanto algumas pessoas enfrentam exclusão e preconceito estrutural desde o nascimento (ou até antes), outras observam essa realidade à distância. Eu tive o privilégio de crescer no segundo grupo. Minha trajetória foi moldada pelo desejo de romper a bolha em que nasci. Olhando para trás, percebo que minha inspiração se desdobrou gradualmente, mesmo antes de ter contato com termos como "desenvolvimento" ou "política pública"
Pode parecer clichê, mas diria que tudo começou com o voluntariado. Aos 13 anos, fui voluntária em um abrigo, lendo histórias para crianças afastadas de suas famílias por decisão judicial. Essa experiência me marcou profundamente. Essas crianças tinham mais ou menos a minha idade, mas viviam realidades muito distantes da minha. Na adolescência, continuei atuando como voluntária em creches, escolas públicas e ONGs. Também representei meu estado na Conferência Nacional Infanto Juvenil pelo meio ambiente, organizada pelo Ministério do Meio Ambiente, onde me juntei a estudantes de escolas públicas, comunidades quilombolas, pessoas com deficiência e jovens de todo o país. Essa foi minha primeira exposição à política real — com “P” maiúsculo.
Na época de escolher uma carreira, decidi estudar economia. Queria entender e desestruturar o sistema por dentro (oh, o idealismo juvenil!). Ao longo da última década, trabalhei em agências governamentais e organizações internacionais em áreas centrais em países em desenvolvimento como educação, saúde e segurança pública. Passei sete anos em instituições públicas, incluindo o Ministério Público (MPRJ) e o Instituto de Segurança Pública (ISP) no Rio de Janeiro. Durante esse período, percebi que havia me tornado parte do sistema — e que mudanças significativas seriam mais incrementais do que eu esperava. Essas experiências me mostraram os desafios e limitações de cada setor e como eles podem se complementar. Acredito firmemente que as políticas públicas são uma ferramenta poderosa para amplificar o impacto e atingir uma maior parcela da população, enquanto o terceiro setor pode atuar de forma ágil e inovadora, complementando esses esforços.
Em 2016, após concluir meu mestrado em economia, trabalhei como consultora em projetos de educação pública no Brasil para o Banco Mundial. Foi quando uma amiga me contou sobre uma vaga de Assistente de Pesquisa no J-PAL em um projeto liderado pelo Claudio Ferraz(UBC e PUC-Rio) e pela Joana Monteiro (FGV/EBAPE e Leme) — economistas que eu admirava quando estudante. A posição envolvia trabalhar dentro do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP). Embora eu não tivesse experiência prévia em segurança pública, a oportunidade me intrigou, então me inscrevi. Na época, a maioria dos microeconomistas aplicados trabalhava com temas como educação e mercado de trabalho, com um interesse crescente em saúde. A segurança pública, no entanto, era amplamente negligenciada, apesar do Brasil ser um dos países mais violentos do mundo, especialmente para jovens. Trabalhar nessa área parecia uma oportunidade única para maximizar o impacto social. Depois do meu tempo no J-PAL, fui oficialmente contratada pelo governo do estado do Rio de Janeiro e tenho trabalhado com segurança desde então
Qual aspecto do seu trabalho no J-PAL LAC você achou mais desafiador e/ou interessante?
Um desafio comum para a pesquisa é entender as instituições à distância, em frente a um computador. Antes de trabalhar no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), eu costumava dizer que, dado o tamanho do Brasil, os dados do censo demográfico deveriam ser coletados por seres mágicos que iam de porta em porta coletando informações. Na sociedade brasileira, o desconhecido frequentemente parece distante, quase sempre visto como "o outro". Isso é ainda mais evidente na segurança pública, onde as vítimas costumam ser os “filhos dos outros". Trabalhar com impacto exige não apenas conhecimento, mas também escuta ativa e empatia.
Trabalhar no J-PAL foi uma oportunidade valiosa para romper essa barreira na prática e sair da zona de conforto. Fui além da análise de dados e pude me envolver diretamente com a rotina dos agentes públicos, aprendendo, por exemplo, a importância do cafezinho compartilhado na formulação de políticas. Como assistente de pesquisa no J-PAL, inserida em uma agência governamental, interagi com pessoas cujas experiências de vida e visões políticas eram muito diferentes das minhas. Meu período atuando em batalhões de polícia — um ambiente que inicialmente parecia tão distante da minha realidade — foi desafiador e esclarecedor. Isso me deu a chance de escutar diversos pontos de vista e aprender com as jornadas pessoais e profissionais de quem trabalha na área há anos. Também me trouxe amizades que pretendo levar para a vida toda.
Como uma jovem mulher e não policial em um espaço predominantemente masculino, essa experiência me forçou também a cultivar resiliência e autoconfiança. Vozes femininas são frequentemente ignoradas nesses contextos e, embora minha natureza conciliatória tenha ajudado, também exigiu muito estudo, paciência e escuta. Desta forma, essa experiência de campo com o J-Pal me impulsionou a crescer tanto pessoal quanto profissionalmente. Também fortaleceu meu compromisso de defender maior representatividade e participação das mulheres nesses espaços críticos.
Você passou os últimos anos entre pesquisa e política, tudo isso enquanto cursava um doutorado. O que o motivou a seguir esse caminho específico?
As minhas escolhas profissionais foram guiadas pela busca por posições em que eu pudesse causar o maior impacto possível, o que resultou em um caminho um tanto sinuoso. Em vez de seguir uma trajetória predefinida, procurei consistentemente oportunidades nas quais acreditava que poderia enfrentar desafios sociais urgentes — muitas vezes às custas da estabilidade financeira. Esse foco exigiu fazer malabarismos com múltiplas responsabilidades e navegar nas tensões entre teoria e prática. Fazer a ponte entre esses dois mundos raramente é confortável: em ambientes profissionais, muitas vezes me senti excessivamente acadêmica, enquanto em círculos acadêmicos, meu foco em questões práticas pareceria deslocado.
Em economia, é comum seguir diretamente do mestrado para o doutorado, mas, após concluir a primeira etapa, eu ainda não tinha certeza se queria seguir por esse caminho. Por sete anos, trabalhei em órgãos da administração pública no Rio de Janeiro ou em instituições de apoio a eles. Durante esse período, dediquei boa parte do meu tempo a resolver problemas de curto e médio prazo que exigiam respostas rápidas e uso eficiente de recursos. A administração pública geralmente prioriza soluções imediatas, em vez de se concentrar nos problemas públicos subjacentes. Além disso, o momento político frequentemente dita os prazos e o que pode ser realizado. Fazer um bom trabalho nem sempre garante a sua implementação; às vezes, é necessário deixar o trabalho de lado e esperar pela janela de oportunidade política certa.
Em 2020, enquanto trabalhava com dados que nunca tinham sido compilados antes sobre de adolescentes envolvidos em atos infracionais, notei a possibilidade de abordar questões mais amplas com aquelas informações — particularmente sobre suas trajetórias antes e após o ato infracional — que não conseguia explorar dentro das restrições da rotina do serviço público. A administração pública frequentemente exige soluções imediatas, deixando pouco espaço para o tipo de investigação profunda e sistemática necessária para compreender fenômenos complexos. Já a academia opera em uma escala de tempo diferente, oferecendo o espaço para uma exploração mais profunda e rigorosa de questões específicas de pesquisa. Além disso, promove um ambiente colaborativo onde ideias são desafiadas e refinadas. Esses elementos são cruciais para abordar questões na fronteira do conhecimento, ao mesmo tempo em que garantem relevância para os formuladores de políticas.
Esse entendimento me levou a buscar o doutorado, não apenas para aprofundar meu entendimento sobre essas questões, mas também para contribuir com os debates acadêmicos e políticos em torno da justiça juvenil. Atualmente, sou aluna visitante na Universidade de Chicago, como parte do meu doutorado em Administração Pública e Governo na Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP). Sou orientada pelo Rudi Rocha (FGV EAESP e IEPS), com quem trabalho no Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), em um projeto de pesquisa que examina o impacto da violência urbana na saúde nas favelas do Rio.
No início de 2024, você fundou uma ONG, a Leme, para incentivar o uso de evidências na segurança pública. Você pode nos contar mais sobre como a Leme surgiu e qual é sua missão?
O Leme – Laboratório para redução de violência é uma organização independente que colabora com entidades governamentais e não governamentais para projetar e testar intervenções eficazes, viáveis e escaláveis destinadas a reduzir a violência no Brasil. O Leme foi fundado em 2024 com base nas experiências que minhas sócias e eu adquirimos ao longo de anos trabalhando em funções do setor público e na academia. Nossa missão é apoiar tomadores de decisão a transformar a segurança pública por meio do uso intensivo de dados e evidências científicas. Isso ocorre por meio de um processo iterativo de projetar e testar intervenções, identificando soluções incrementais para problemas sociais complexos e fortalecendo as capacidades institucionais de nossos parceiros.
O Leme preenche a lacuna entre a pesquisa acadêmica e os desafios sociais urgentes, promovendo a colaboração entre pesquisadores, formuladores de políticas e comunidades. . Como laboratório dedicado à redução da violência no Brasil, nossa atuação é um reflexo do compromisso com uma abordagem baseada em evidências, ao mesmo tempo em que buscamos soluções práticas e sustentáveis no longo prazo. Além disso, é importante destacar que o Leme é liderado por três mulheres: Joana Monteiro (FGV/EBAPE e Leme), Laura Schiavon (UFJF e Leme) e eu. Tanto a economia quanto a segurança pública impõem barreiras significativas para as mulheres. Na academia, as diferenças de gênero se tornam mais pronunciadas à medida que se avança no ensino superior, com uma diminuição drástica da representação feminina em programas de mestrado e doutorado. Na segurança pública, o cenário é ainda mais desafiador, com o campo tradicionalmente dominado por homens, e a participação das mulheres frequentemente subestimada ou vista como desnecessária.
Embora o Leme tenha sido recém-criado, estamos comprometidas a construir uma organização horizontal, onde todas as pessoas se sintam confortáveis e valorizadas. O caminho é longo, mas acreditamos que nosso trabalho contribuirá para moldar um futuro mais inclusivo e baseado em evidências no campo da segurança pública.
Como seu tempo no J-PAL informou seus esforços?
É difícil imaginar o Leme sem a influência do J-PAL. Co-fundei o Leme com Joana Monteiro, que liderou o projeto do J-PAL em 2016. Desde então, temos trabalhado juntas em várias instituições, compartilhando sucessos e decepções, e dedicando inúmeras horas a discutir como enfrentar desafios e maximizar nosso impacto. Do Ministério Público à Fundação Getúlio Vargas (FGV), passando por consultoria para organizações internacionais, nosso foco sempre foi institucionalizar o uso de evidências e apoiar atores com quem colaboramos para melhorar seu desempenho.
Ao longo dos anos, Joana e eu lideramos várias iniciativas que influenciaram a segurança pública e as políticas no Brasil. No Instituto de Segurança Pública (ISP), desenhamos e implementamos o ISPGeo, uma ferramenta de análise criminal atualizada diariamente e que, atualmente, é amplamente utilizada pela polícia do Rio de Janeiro para planejamento estratégico. Durante nosso tempo no Centro de Pesquisa do Ministério Público, coordenamos projetos para estruturar dados sobre crime organizado para informar a atuação dos promotores, iniciativas de controle externo da polícia que reduziram a letalidade durante a pandemia e a criação de indicadores inéditos para aumentar a transparência e vincular as ações do Ministério Público a impactos sociais tangíveis. No Centro de Ciência Aplicada à Segurança Pública da FGV (FGV CCAS), projetamos e avaliamos programas como o Programa de Estratégias Conjuntas de Prevenção (CEP) no Rio, que visa reduzir a criminalidade de rua por meio de ações de requalificação urbana e prevenção da Guarda Municipal. Em São Paulo, nossa avaliação de impacto de câmeras corporais revelou uma redução de 57% nas mortes causadas por intervenções policiais, influenciando, na época, a decisão do governo em favor da manutenção da política. Essas iniciativas desempenharam um papel fundamental ao informar políticas e práticas de segurança pública.
O debate atual sobre segurança pública no Brasil é frequentemente baseado em suposições e clichês, além de ser predominantemente centrado em questões envolvendo as polícias, com demandas por mais policiais, mais carros de patrulha e mais armas. O Leme, assim como o J-PAL, foi criado para contribuir para criar uma direção para essa discussão, testando e refinando rigorosamente iniciativas que se mostrarem bem-sucedidas e aprimorando aquelas que precisam de ajustes. No Brasil, assim como em muitos países em desenvolvimento, os desafios de projetar e implementar políticas são tão complexos que sua mera execução é frequentemente considerada uma conquista. Como resultado, indicadores de atividade — como o número de carros de patrulha mobilizados ou policiais contratados — são frequentemente apresentados como evidência de sucesso.
Quais são alguns dos desafios que você enfrentou ao estabelecer o Leme e como você os abordou?
Ainda estamos abordando desafios enquanto avançamos — na verdade, vou lidar com um assim que terminar esta entrevista! Criar uma organização do zero não é fácil. As atividades variam desde a escolha de um nome a criação de uma identidade visual alinhada à proposta, até a gestão de restrições orçamentárias e a revisão exaustiva da forma como nos apresentamos, o que fazemos e, principalmente, o que não fazemos. Comprometer-se com o impacto social é uma decisão maior do que pode parecer inicialmente — é uma posição Política.
Na prática, isso significa que priorizamos questões públicas urgentes e adotamos metodologias robustas, que nem sempre estão alinhadas aos interesses de financiadores ou às expectativas da mídia. Muitas ONGs se concentram em soluções concretas e imediatas, como distribuir livros ou oferecer cursos. Embora essas ações sejam urgentes em um país como o Brasil, o Leme, como um laboratório de impacto, está comprometido com melhorias de longo prazo, cujos resultados podem levar tempo para se tornarem visíveis. Esse compromisso exige pensamento abstrato, planejamento estratégico e compreensão da relação entre as atividades e seus impactos finais. Assim, equilibrar essa abordagem voltada para o futuro com as restrições de financiamento e percepção pública continua sendo um dos nossos maiores desafios. Uma de nossas soluções é ajustar a nossa narrativa para diferentes públicos e contribuir para a disseminação da cultura de avaliação de impacto no Brasil, que ainda é pouco desenvolvida.
De que maneiras você acha que organizações como J-PAL e Leme podem colaborar para promover resultados de desenvolvimento?
Organizações como J-PAL e Leme têm muito a compartilhar. Destaco aqui duas áreas que considero principais: recursos e disseminação de evidências. Primeiro, o acesso ao financiamento, particularmente para iniciativas exploratórias, é crucial. Esses recursos permitem a alocação de assistentes de pesquisa bem capacitados dentro das instituições, como foi meu caso no Instituto de Segurança Pública (ISP). Essa presença faz uma diferença significativa em contextos como o Brasil, onde a cultura de dados ainda é muito incipiente. Ter alguém totalmente dedicado à organização e análise de dados, redação de propostas e tarefas similares ajuda a estabelecer as bases para avaliações de impacto mais robustas no futuro.
Em segundo lugar, o J-PAL, como uma organização amplamente reconhecida e respeitada globalmente, pode ser instrumental para abordar o desafio de disseminar conhecimento. Sem esforços coordenados para compartilhar evidências, descobertas valiosas correm o risco de ficar confinadas a um público restrito no Brasil. Ao alavancar a disseminação com a sua presença internacional, o J-PAL pode garantir que as lições aprendidas alcancem públicos mais amplos e inspirem ações que ultrapassem fronteiras locais.
Quais habilidades ou experiências adquiridas trabalhando no J-PAL você achou úteis em sua carreira?
Em termos práticos, eu destacaria duas dimensões que o J-PAL me ajudou a desenvolver: a capacidade de focar na resolução de problemas, em vez de se apegar às soluções existentes, e a melhoria da minha escrita acadêmica formal em inglês – algo que segue em processo. Escrever notas técnicas para o J-PAL me tornou mais proficiente no uso de linguagem direta e clara em inglês. Embora eu tenha tido acesso a cursos de inglês ao longo da minha vida, o formato específico da escrita acadêmica é um desafio à parte.
Este último ponto é importante porque grande parte da pesquisa de ponta é publicada em inglês, uma língua que não é nativa da maioria dos países em desenvolvimento. De acordo com um estudo do British Council, apenas 5% dos brasileiros têm algum conhecimento de inglês e, desses, apenas 1% são fluentes. Esses números são provavelmente ainda menores entre a população negra, que também enfrenta barreiras no acesso à pós-graduação no Brasil. Isso cria uma barreira significativa para o acesso a oportunidades
Que conselho você daria para profissionais de desenvolvimento e pesquisadores interessados em começar uma organização sem fins lucrativos?
Escolher as parcerias certas é essencial. Não basta estarem profissionalmente alinhadas; uma bem-sucedida exige valores compartilhados e um compromisso mútuo com o impacto social. Tive diversas experiências de trabalho anteriores com minhas sócias, Joana e Laura, onde testemunhei como elas responderam a situações de crise. Eu as admiro tanto pessoal quanto profissionalmente.
Outro conselho importante é não esperar por certeza absoluta. Nunca será possível ter uma visão completa sobre o momento ideal ou a estrutura perfeita para uma organização antes de começar; é necessário testar e ajustar ao longo do caminho. Por fim, ser seu próprio chefe é muito desafiador e não vem com garantia de uma vida mais tranquila — envolve trabalho duro constante, inúmeras responsabilidades e muitas incertezas. É um esforço significativo, mas espero que muitas ONGs sejam criadas para que possamos continuar desafiando as estruturas em busca de uma sociedade mais justa e menos violenta.