20 em 20: Vivianne Naigeborin fala sobre a evolução da iniciativa JOI Brasil e a promoção da inclusão produtiva no país
Este é o quinto post da série "20 for 20: Partner Voices" do J-PAL, na qual apresentamos histórias de resultados e conquistas de nossos parceiros em celebração de nosso vigésimo aniversário. Continue lendo para saber mais sobre Vivianne Naigeborin, Diretora Executiva da Fundação Arymax, e sua experiência com o J-PAL América Latina e Caribe (LAC) por meio da Iniciativa de Empregos e Oportunidades (JOI) Brasil.
2023 marcou não só a comemoração do vigésimo aniversário do J-PAL: a iniciativa JOI Brasil do J-PAL LAC também deu início a seu terceiro ano gerando evidências sólidas sobre políticas que abordam desafios do mercado de trabalho brasileiro. Esta ocasião forneceu a oportunidade perfeita para conversarmos com Vivianne Naigeborin, a Diretora Executiva da Fundação Arymax.
Com uma rica história em inovação social, a Arymax é uma Fundação Familiar Brasileira dedicada a apoiar iniciativas baseadas em evidências que trabalham com inclusão produtiva — termo que pode ser definido como fornecer acesso ao mercado de trabalho a pessoas em situação de vulnerabilidade econômica — com objetivo de atender às necessidades da sociedade e reduzir a pobreza. Para alcançar isso, eles têm sido uma parte integral da jornada da JOI Brasil desde sua criação em 2021.
Nós sentamos com Vivianne para conversar sobre como a Arymax e outros doadores (B3 Social, Fundação Tide Setubal, Potencia Ventures, BID e Insper) tornaram a JOI Brasil possível. Vivianne tem sido fundamental não apenas em trazer parceiros adicionais para a iniciativa, mas também para promover uma cultura de tomada de decisão baseada em evidências em torno das políticas de inclusão produtiva no Brasil. Nesta entrevista, ela compartilha suas percepções sobre a JOI Brasil e como essa iniciativa está ajudando a moldar o futuro para os trabalhadores no país.
Você poderia nos contar um pouco sobre a colaboração da Arymax com o J-PAL e seu papel na JOI Brasil?
Nós procuramos o J-PAL em 2019, durante um momento em que a Arymax estava se reposicionando. Neste período, decidimos focar na inclusão produtiva e demos início a uma série de conversas produtivas com o J-PAL. Tendo identificado essa visão compartilhada, recebemos o convite para liderar a primeira iniciativa do J-PAL em território brasileiro, a JOI Brasil. Mobilizamos outros parceiros - incluindo INSPER, BID, Potência Ventures, B3 e Fundação Tide Setubal — e juntos fundamos a JOI Brasil.
Considerando que 2023 marca o 20º aniversário do J-PAL, como você acha que o trabalho da JOI Brasil se alinha com a missão da Arymax?
Acreditamos que a inclusão produtiva é uma das estratégias mais eficientes no combate à pobreza, uma vez que permite às pessoas ter acesso a treinamentos de qualificação profissional e ao preparo adequado para entrar e se manter no emprego. Como resultado, elas podem gerar sua própria renda, ganhando assim maior autonomia e capacidade de escolha.
O problema é que a situação do mercado de trabalho no Brasil é tão complexa que não podemos nos dar ao luxo de cometer erros. É exatamente por isso que organizações como o J-PAL com a JOI Brasil são críticas. Elas nos proporcionam acesso a evidências, fomentando uma cultura orientada por dados. Isso é crucial para chegarmos às melhores estratégias de promoção da inclusão produtiva, que o Brasil precisa urgentemente.
Na sua opinião, quais são os marcos ou conquistas mais significativos da colaboração entre Arymax, J-PAL e JOI Brasil?
Já alcançamos inúmeros marcos, e ainda não chegamos nem à metade do programa. Ainda há muitos desafios pela frente. Mas para celebrar o que já conseguimos até agora, eu diria que a primeira grande conquista é nossa contribuição para fortalecer a cultura de monitoramento e avaliação no Brasil. Nós apoiamos a geração e uso de evidências por meio de diversos workshops, palestras e sessões de treinamento para instituições públicas e privadas. Também temos projetos com o Sistema S e outras iniciativas de inclusão produtiva. Atualmente, a JOI Brasil tem parcerias com 37 iniciativas do setor público e privado focadas na inclusão produtiva. Estamos ajudando os tomadores de decisão nessas instituições a criar uma cultura permanente de avaliação e produção de evidências.
Outro marco significativo que vale a pena celebrar são as oportunidades de financiamento de pesquisa que foram oferecidas desde o início da iniciativa. Por meio delas, a JOI Brasil selecionou treze projetos para avaliação em sete estados brasileiros. Sete desses projetos têm potencial para se tornar avaliações aleatorizadas completas. Todas focam em temas altamente relevantes como segurança no trabalho, discriminação no mercado de trabalho, inclusão das mulheres na força de trabalho, educação técnica e profissionalizante e outros assuntos urgentes no atual debate sobre o futuro do trabalho.
Que conselho você daria para outras organizações ou pessoas que buscam se engajar em parcerias com o J-PAL e a JOI Brasil? Há algo mais que você gostaria de compartilhar sobre sua experiência com a JOI Brasil ou com políticas baseadas em evidências em geral?
O Brasil está em um momento crucial de seu desenvolvimento social. Estamos vivenciando a fase final de nosso bônus demográfico, um período em que a proporção de pessoas em idade ativa é maior do que o restante da população. Há um grande contingente de pessoas jovens atualmente sem emprego, mas ansiosas para trabalhar e em busca de oportunidades para um futuro melhor. Além disso, dois grupos significativos na sociedade brasileira — mulheres e a população negra — ainda estão sub-representados no mercado de trabalho, especialmente no emprego formal. Também temos uma população envelhecendo, pessoas com 40, 50 anos ou mais que serão prematuramente excluídas do mercado se não tiverem acesso à renovação de habilidades e talentos, comprometendo assim a produtividade do país.
Diante de tudo isso, é um privilégio para nós no Brasil contar com a presença do J-PAL. Meu conselho para os formuladores de políticas públicas e privadas é aproveitar esse privilégio. A JOI Brasil está aberta a todas as instituições que desejam melhorar seus programas de inclusão produtiva. Entre em contato com a iniciativa. Aproveite esta instituição global que monitora os desafios do mercado de trabalho em todo o mundo e tem um banco de evidências sendo enriquecido com dados produzidos diretamente no Brasil. Este é o momento para agirmos de forma eficaz e com mais certeza sobre os resultados que iremos alcançar.